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Memória Capixaba

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A Questão Pissarra, A Última Palavra (11/05/1883)
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A Questão Pissarra, A Última Palavra (11/05/1883)

A Província do Espírito Santo
Vitória, 11 de maio de 1883

Notas do dia

Última palavra. Dissemos ontem, em nossa crônica dos jornais, que de todas as agressões feitas na assembleia e na imprensa aos atos do Dr. Chefe de Polícia na questão Pissarra, o único lado digno de contestação é a insinuação de sua parcialidade no modo de proceder contra liberais e conservadores.
Entretanto, apesar de que nenhum dos fatos arguidos a liberais tem a gravidade daquele que tanto se tem comentado, podemos asseverar que, em todos os casos denunciados na assembleia, aquela autoridade agiu com a mesma energia e hombridade, mandando fazer corpo de delito sempre que lhe chegava a notícia de algum acontecimento dessa ordem; e asseveramos ainda que na secretaria da polícia existem todos os papéis e documentos relativos às diligências realizadas, do que melhor poderá informar-se quem interessar, requerendo as certidões precisas.
Um só dos fatos arguidos tinha alcance idêntico ao que atribuíram ao Major Pissarra: é o da castração de um escravo, que segundo o jornal que o noticiou, deu-se na freguesia de Santa Leopoldina.
Estava na administração da polícia então o Sr. Dr. Epaminondas de Gouvêa, justamente considerado um magistrado probo; procederam-se às averiguações indispensáveis, ordenando-se às autoridades que investigassem o ocorrido, e em 6 de dezembro de 1881, enviou-se ofício à presidência da província remetendo-lhe as informações colhidas, das quais se depreendia a inverdade do pedido do Espírito Santense de 5 de novembro daquele ano.
As partes oficiais da polícia que publicamos diariamente testemunham o zelo com que o honrado Dr. Pitanga atende e providencia sobre todas as reclamações editoriais e inéditas das folhas da capital.
No fato, por exemplo, do Capitão Meirelles, com que tanto têm argumentado os conservadores, o digno funcionário fez efetuar o exame legal, no qual os peritos João Aguirre e Dr. Goulart declararam legítimos os ferimentos, moderados, como se exigia, avaliando o dano em 12; e, se havia ali mais que o suficiente para oferecer à justiça, desde que o senhor estava dentro da lei, e o Dr. Promotor Público mandou arquivar os papéis.
Apontem um só caso em que essa autoridade houvesse claudicado dos seus deveres, e então dar-lhes-emos motivos de clamar porque na questão Pissarra o honesto cidadão não recuou, em respeito à sua toga, diante da ideia de chamar à sua presença um potentado da localidade, cuja inocência absoluta ou cuja criminalidade efetiva só no decorrer do processo poderiam ser acentuadas.
Deixamos, portanto, aqui consignado que essa evasiva invocada, da parcialidade do ilustrado Dr. Pitanga quando se trata de liberais, não passa de uma ideia mesquinha e ridícula, contrária aos fatos e reveladora da desconfiança com que os adversários olham para si, sem argumentos na questão Pissarra, procurando neste atacar a memória do infeliz indiciado.

Festa de Corpus Christi de Castelo (1963)
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Festa de Corpus Christi de Castelo (1963)

Em Castelo, no fim da década de 1950, já era costume erguer altares em determinados pontos da cidade. As ruas eram enfeitadas com folhas de árvores e as janelas e sacadas eram ornamentadas com toalhas de renda ou bordadas, jarras de flores e outros detalhes.

Esses cuidados davam ao local um aspecto festivo e solene, preparado especialmente para a passagem da procissão dos fiéis.

Já em 1963, Zuleide Pereira da Silva, a irmã Vicência das filhas da caridade, confeccionou o primeiro tapete usando folhas verdes e flores na cidade. A obra foi feita em frente à Capela de Nossa Senhora das Graças, na Santa Casa de Misericórdia.

A partir daí a confecção dos tapetes virou uma tradição. Com o passar dos anos, foi ficando maior e tomando outras ruas da cidade.

A festa de Corpus Christi em Castelo, no Sul do Espírito Santo, está entre as 10 maiores manifestações religiosas do país. São mais de seis décadas de história. Neste ano, serão 5 mil metros quadrados de tapetes. O número de itens utilizados impressiona: são mais de 50 mil quilos de pó de pedra e mais de 200 kg de borra de café para ajudar na confecção, além de outros materiais.

Números da festa
Mais de 50 mil kg de pó de pedra;
10 mil kg de raspas de pneu;
300 sacos de raspa de madeira;
300 sacos de palha de café escura e clara;
Mais de 2 mil vidros de corante;
200 kg de cola;
200 kg de borra de pó de café;
200 metros de tecido;
500 metros de corda de cisal;
3 mil kg de granitos diversos
2 caminhões com folhagens e outros tipos de plantas.

Tapetes de Corpus Christi em Castelo são tradição há mais de 6 décadas.

Domingos José Martins - Comerciante e revolucionário brasileiro
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Domingos José Martins - Comerciante e revolucionário brasileiro

Domingos José Martins (Sítio Caxangá, 9 de maio de 1781 – Salvador, 12 de junho de 1817) foi um comerciante e revolucionário brasileiro.

Natural do Espírito Santo, mudou-se para o Recife em 1813. Naquela época, Pernambuco era a capitania portuguesa mais rica do Brasil e possuía a elite mais intelectualmente avançada da colônia.

Ele foi um dos líderes e mártires da Revolução Pernambucana, um significativo movimento republicano que ocorreu em 1817. Domingos, um entusiasta dos ideais liberais e membro da maçonaria inglesa, era conhecido por sua postura igualitária, caminhando ao lado de negros e mulatos e concordando com a ideia de igualdade, uma atitude ousada numa região ainda marcada pela escravidão e pelo patrimonialismo.

Condenado à morte por lesa-majestade, junto com outros treze revolucionários pernambucanos, foi executado em 12 de junho de 1817. Seu nome está gravado no Livro dos Heróis da Pátria.

Primeiros anos
Domingos José Martins nasceu no Sítio Caxangá, atual Marataízes, Espírito Santo, filho do capitão de milícias Joaquim José Martins e de D. Joana Luíza de Santa Clara Martins. Seu pai comandava o "Quartel" de estrada, criado em 1810, em frente à Ilha das Andorinhas na praia de Boa Vista, ao sul de Marataízes, com a função de fiscalizar e impedir o desembarque clandestino de africanos, além de oferecer apoio e proteção contra ataques dos índios botocudos e puris. Após deixar a carreira militar, seu pai se dedicou ao comércio em uma casa na antiga rua das Flores.

Domingos começou seus estudos primários na capital do Espírito Santo e completou sua formação em Portugal. Depois, mudou-se para Londres, onde trabalhou na firma portuguesa Dourado Dias & Carvalho, chegando a tornar-se sócio da empresa.

Chegada ao Recife
No início do século XIX, Domingos chegou a Pernambuco e casou-se com Maria Teodora da Costa, filha do rico coronel Bento José da Costa.

O revolucionário
Durante a Revolução Pernambucana de 1817, Domingos destacou-se de maneira notável. Sua vida demonstrava uma grande capacidade de resolução. Aqueles que o conheceram na época descrevem-no como um homem afável, mas ambicioso e autoritário. Como maçom, fez amizades nos círculos liberais de Londres, incluindo o general Francisco de Miranda, que lutara na Guerra da Independência dos Estados Unidos e participara de uma tentativa de emancipação da Colômbia em 1805.

Martins era um observador perspicaz das ideias liberais que emergiam na Europa e compreendeu bem as aspirações particularistas latino-americanas. Para ele, Pernambuco deveria representar um capítulo glorioso dentro desse grande processo de transformação.

Corpo de Delito da escrava Felicidade (09/03/1883)
46:23
Corpo de Delito da escrava Felicidade (09/03/1883)

Aos nove dias do mês de março de 1883, no lugar Cramarim, termo da cidade da Serra:

Presentes o Subdelegado de Polícia Francelino José Duarte, comigo, escrivão interino abaixo assinado, e as testemunhas abaixo nomeadas: os peritos Justiniano Pinto Ribeiro e Ignacio Felicio de Alvarenga Salles, lavradores e moradores no termo desta cidade, e as testemunhas Antonio Pereira Coutinho, morador em Manguarai, termo da cidade de Victoria, e João Fernandes Castello, no termo desta mesma cidade. O Subdelegado deferiu aos peritos o juramento nos Santos Evangelhos de dizerem a verdade no que examinarem e periciarem, declarando com verdade o que descobrirem e encontrarem. Procederam ao exame no cadáver de Felicidade, escrava do Major Joaquim Pereira Franco Pissarra, respondendo às seguintes questões:

1. Se houve morte e qual sua causa;
2. Qual o meio empregado;
3. Se a morte foi proveniente de imundação, envenenamento, fome ou veneno;
4. Finalmente, qual foi o dano causado.

Os peritos, após fazerem as investigações e diligências necessárias, concluíram:

1. Houve morte, proveniente do mau tempo que no mato recebeu.
2. Não demonstrou sinal algum, mas achava-se fugida há muitos dias.
3. Não houve inundação, incêndio, veneno, nem fome, visto que junto ao cadáver havia um pano com comida.
4. Avaliam o dano em 200 mil réis.

Estas são as declarações feitas sob juramento.

O Caso da Escrava Felicidade (Serra - 1883)
52:18
O Caso da Escrava Felicidade (Serra - 1883)

No dia 18 de março de 1883, o corpo da escrava Felicidade foi encontrado e noticiado pela imprensa. Entre essa data e 16 de abril, quando o Major Pissarra faleceu, passaram-se 28 dias. Durante esse período, o fazendeiro foi investigado por um inquérito policial liderado pelo chefe de polícia Antônio Ferreira de Sousa Pitanga. Os eventos foram amplamente divulgados por jornais da época, como ‘O Horizonte’, ‘O Espírito-Santense’ e ‘A Província do Espírito Santo’.

O chefe de polícia convocou várias pessoas para testemunhar, incluindo serviçais, escravos, familiares e conhecidos de Major Pissarra, o que gerou grande repercussão e constrangimento para ele. Além disso, foram realizadas diligências na Fazenda Calugimirim, propriedade do Major. Em uma dessas diligências, o chefe de polícia relatou no inquérito, publicado pelos jornais, que Pissarra se trancou em um quarto por 30 minutos. Após as autoridades que acompanhavam o chefe de polícia arrombarem a porta, o Major foi encontrado morto.

No inquérito, o chefe de polícia declarou que solicitou uma perícia no cadáver de Pissarra, e a causa da morte foi identificada como apoplexia, termo usado na época para o que hoje é conhecido como AVC. No entanto, durante a cobertura jornalística da época, tanto o chefe de polícia quanto deputados que discutiam nas sessões da Câmara Provincial mencionaram abertamente a possibilidade de Pissarra ter ingerido uma substância mortal.

SEGUE.

O Tesouro da Lendária Ilha da Trindade (1830)
41:04
O Tesouro da Lendária Ilha da Trindade (1830)

O sonho dos milhões...
O ROTEIRO DO PIRATA ZULMIRO
Vários autores mencionam o tesouro da Ilha da Trindade
De 1830 a 1913...
Ao Rio-Jornal foi dirigida a seguinte carta:
"Ilmo. sr. redactor do "Rio-Jornal"! — Acabo de ler em vosso jornal uma crítica referente à expedição que parte para a Trindade. Como um dos organizadores da mesma, peço-vos permissão para opor algumas considerações que espero tereis a gentileza de publicar para restabelecimento da verdade. O roteiro, que mais uma expedição vai levar à Trindade, não foi, como dizeis, escrito por Isac Bickerstoff, no livro por ele publicado em Londres no ano de 1754, sob o título "The Tatler", livro este que não trata de aventuras de piratas.
O roteiro em nosso poder foi escrito pelo próprio pirata Zulmiro, nome de guerra adotado por um oficial da marinha inglesa, que, após haver assassinado um companheiro, fugiu da Inglaterra, atirando-se à vida de pirataria.
O sr. Eduardo Stammers Ioury, já falecido, foi o primitivo possuidor do roteiro, presente que lhe fez o pirata Zulmiro, a quem conhecera no Paraná, no ano de 1880. Morto o sr. Eduardo Iouny, passou o livro em que está escrito o roteiro deixado pelo pirata Zulmiro à ser propriedade de seu irmão já falecido sr. Alfredo Iouny, antigo maquinista da Estrada de Ferro Central do Brasil, sendo atualmente propriedade do sr. Frederico Ramos, professor em Lorena, de quem o sr. Alfredo Iouny era padrasto.
Em 1896, em artigos escritos no "Jornal do Commercio", sob o pseudônimo de J. F. Bastos, o sr. Eduardo Stammers Iouny relata a história do conhecimento travado com o pirata Zulmiro, que faleceu no Paraná com cerca de dois anos, de quem recebera o livro que contém o roteiro que nos levará à Trindade, e autografado do pirata Zulmiro, que está escrito em inglês e entrelinhas no livro "The Tatler", publicado em Londres em 1754, por Isaac Richerstaff.
Pelos dados fornecidos pelo pirata Zulmiro ao sr. Iouny calcula-se que o tesouro fosse escondido há oitenta e três anos. O roteiro em nosso poder determina "matematicamente" o ponto em que foi o tesouro escondido. Como sabeis, o observatório astronômico afirma, o rumo a determinar-se hoje para poder ser encontrado o ponto em que foi escondido o tesouro está completamente modificado, devido à declinação da linha magnética atingindo o ponto em que o roteiro assinala a existência do tesouro.
Pela cópia do "croquis", em nosso poder, enviado pelo Observatório Astronômico, em resposta à consulta feita, podereis ver que o rumo determinado pelo engenheiro é diferente do indicado pelo mesmo observatório.
Não podia, pois, ter sido encontrado o tesouro em ponto não assinalado no roteiro.
Se, pois, o ponto em que o roteiro assinala a existência do tesouro não está matematicamente determinado, e não foi ainda atingido, e podendo ser perfeitamente encontrado, conforme diz o Observatório Astronômico, qual o critério que temos para negar a existência do tesouro?

Navegação e Colonização do Rio Doce (Conde de Palma - 1811)
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Navegação e Colonização do Rio Doce (Conde de Palma - 1811)

### Notícias sobre os novos estabelecimentos do Rio Doce - Rio de Janeiro, 02 de março de 1811.
**Conde de Palma**

**Ilmo. e Exmo. Sr.,**

Tendo feito convocar a Junta da Civilização dos Índios e examinado cuidadosamente o estado atual das seis divisões empregadas na conquista dos Botocudos, tive a completa satisfação de ver os progressos que algumas destas divisões haviam feito, e com muita especialidade a 1ª e a 5ª.

Concluiu-se a inspeção do Tenente-Coronel Maximiano de Oliveira Leite nas duas ditas divisões, e V. Exa. há de contentar-se infalivelmente quando examinar a parte circunstanciada que dá este oficial, a qual parte vai no seu original à presença de V. Exa. no correio próximo pelo expediente da Junta Militar. Pelo mapa incluso verá também V. Exa. que têm entrado para cima de 3.000 pessoas só nos limites da 1ª Divisão, e em muito pequena parte da 5ª. (estes dois corpos marcham pela margem esquerda do Rio Doce e por terrenos pertencentes às comarcas de Sabará e Serro do Frio).

Já os novos colonos da 1ª Divisão pretendem ajuntar-se em corpo de povoação; pediram-me comandante das ordenanças que os governasse e licença para erigirem capela à sua custa, devendo esta ser edificada no porto Real de Joanésia junto ao ribeirão de Santo Antônio, que é muito abundante de ouro e navegável até à sua foz no Rio Doce, de onde dista 8 léguas, tendo as suas cabeceiras na comarca do Serro do Frio.

Esta paragem está, pode-se assim dizer, no centro da mata geral do Rio Doce; nunca ali entraram os habitantes desta Capitania; nem eles, há três anos, poderiam esperar que dentro de tão limitado tempo não só libertariam inteiramente os seus terrenos já cultivados das incursões bárbaras dos índios, e muito menos ir, como vão agora, formar estabelecimentos permanentes de agricultura e mineração no centro das suas próprias habitações.

Infallivelmente no fim da primavera futura as divisões todas terão concluído as diferentes estradas que se lhes incumbiram até aos limites da Capitania do Espírito Santo, margem do Rio Doce e parte da Capitania da Bahia, na comarca de Porto Seguro; e as intensas e dilatadas brenhas, que serviram até agora de covil às feras e aos Botocudos, ainda mais temíveis do que as mesmas feras, transformar-se-ão em povoações deliciosas, prosperando a agricultura em terrenos novos, por isso mesmo fertilíssimos, animando-se outra vez a mineração como nos primeiros dias felizes desta Capitania, e criando-se ao mesmo tempo um comércio ativo, que ela nunca teve, nem esperou ter.

Afirmo a V. Exa. e V. Exa. pode afirmá-lo ao Príncipe Regente Nosso Senhor, que dentro de muito pouco tempo se reconhecerá geralmente quanto foram bem empregados todos os esforços que a sempre indefectível generosidade e paternais desvelos de S. A. R. praticaram em benefício da Capitania de Minas Gerais, que tendo sido em outro tempo a mais interessante do Brasil, ainda pode vir a ser em breves dias com muito maior esplendor.

As Capitanias Hereditárias (1534)
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As Capitanias Hereditárias (1534)

As capitanias hereditárias surgiram por ordem do rei português D. João III, no ano de 1534, sendo a primeira divisão territorial e administrativa implantada pelos portugueses na América Portuguesa.

Basicamente, o território da América Portuguesa foi dividido em 15 grandes faixas de terra, que tiveram sua administração entregue a interessados. A vida das capitanias como única forma de divisão e administração teve vida curta, uma vez que, em 1548, surgiu o Governo-Geral.

Os portugueses chegaram ao Brasil em 22 de abril de 1500, durante a expedição liderada por Pedro Álvares Cabral. Apesar de a chegada portuguesa ao Brasil ter sido uma grande novidade em Portugal, não atraía tanto a atenção dos portugueses naquele momento, uma vez que o comércio com a Índia representava uma possibilidade de maiores lucros.

Durante os primeiros trinta anos da colonização portuguesa no Brasil, a única grande atividade econômica desenvolvida foi a exploração do pau-brasil, árvore localizada nas regiões litorâneas e conhecida por possuir uma cor vermelha muito forte. A presença portuguesa concentrava-se nas feitorias, localizadas no litoral.

A princípio, os portugueses estavam bastante confiantes na posse da nova terra por conta do Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494 pelo papa Alexandre VI. Esse acordo estabelecia a divisão das terras do novo continente entre Portugal e Espanha. Apesar de dar uma certa segurança aos portugueses, esse tratado não garantia que outras nações não tentariam roubar as terras dadas a Portugal.

No começo da década de 1530, o comércio com a Índia estava em declínio, e as terras dos portugueses na América estavam ameaçadas por franceses, que invadiam com frequência o território, aliando-se com nações indígenas inimigas de Portugal. Com essa situação, Portugal percebeu que era necessário ampliar os esforços de colonização do Brasil, caso contrário correria o risco de perder as terras.

A saída encontrada por Portugal foi bem simples: em vez de a Coroa financiar todo o processo de colonização do Brasil, resolveu passar o ônus para terceiros. Com isso, o rei português decidiu dividir o território em 15 lotes, que foram distribuídos em 14 capitanias diferentes, cuja administração ficou sob responsabilidade dos capitães-donatários.

Movimentos Separatistas no Brasil no Século XVIII
18:44
Movimentos Separatistas no Brasil no Século XVIII

Revolta de Beckman (1684):
Local: Capitania do Maranhão.

Guerra dos Emboabas (1708-1709):
Local: Minas Gerais.

Guerra dos Mascates (1710-1711):
Local: Capitania de Pernambuco.

Inconfidência Mineira (1789):
Local: Capitania de Minas Gerais.

Conjuração Baiana (1798):
Local: Capitania da Bahia.

Embora não necessariamente separatistas, algumas outras revoltas e movimentos no século XVIII no Brasil refletiam a insatisfação com a administração colonial portuguesa e contribuíram para o clima de rebelião:

Esses movimentos e revoltas no Brasil colonial mostram a crescente insatisfação com o domínio português e as sementes do sentimento de independência que culminariam no século seguinte com a independência do Brasil em 1822.

Quatro Séculos de Civilização (1534 / 1934)
24:54
Quatro Séculos de Civilização (1534 / 1934)

Texto do Dr. Mário Aristides Freire.

Damos espaço, agora, à notável peça oratória, eloquente e sólida de argumentos e conclusões consideráveis, que foi a conferência do Dr. Mário Aristides Freire, expoente da mais apurada cultura intelectual espírito-santense:

O progresso do Estado do Espírito Santo nos quatro séculos decorridos desde o início do seu povoamento, comemorado hoje festivamente, demonstra a riqueza e notável fertilidade de seu solo, bem como a grande tenacidade dos que aqui têm vivido e trabalhado.

Há precisamente quatrocentos anos, os primeiros colonos portugueses saltavam, maravilhados, em um rústico recanto, à entrada da encantadora baía de Vitória.

Pela Carta Régia de 1º de Junho de 1534, Vasco Fernandes Coutinho fora contemplado com 50 léguas de terra, na costa, do sul das que haviam sido concedidas a Pedro de Campos Tourinho. Bravo fidalgo, já citado nas crônicas militares das conquistas na Ásia, o donatário vendera tudo quanto possuía em Portugal, empolgado pelo desejo de tornar logo realidade o seu grande sonho patriótico: trazer a fé e a crença católica, o que valia dizer naquele tempo trazer a civilização, a um largo trecho do Novo Mundo.

Daria expansão, assim, ao espírito aventureiro de mais um bando heroico de portugueses; mostraria de que ainda eram capazes os denodados lusitanos, descendentes próximos daqueles desprendidos e temerários navegadores do famoso périplo africano, audazes descobridores de terras “por mares nunca dantes navegados”.

Capitania do Espirito Santo (Reyno do Brazil - 1816)
22:51
Capitania do Espirito Santo (Reyno do Brazil - 1816)

### Relatório do Governo de Francisco Alberto Rubim - 25 de junho de 1816
#### Breve notícia estatística da Capitania do Espírito Santo, parte do Reino do Brasil
#### Mensagens do Governador de Sergipe para a Assembleia (SE) - 1891 a 1930.

**RESUMO:**

- 5 Vilas.
- 7 Povoações.
- 7 Freguesias.
- 5 Igrejas Filiais.
- 3 Colégios dos extintos Jesuítas.
- 1 Santa Casa de Misericórdia.
- 4 Capelas de Particulares.
- 3 Conventos Franciscanos.
- 1 Convento de N. S. do Carmo.
- 2 Ordens Terceiras.
- 7 Portos de Mar.
- 10 Rios principais.
- 76 Engenhos.
- 68 Engenhocas.

**População:**

- 3.523 Fogos.
- 22.527 Almas.

**Nota:** A população desta Capitania se supõe exceder muito à que é reportada pelos comandantes dos distritos, especialmente no que se refere à escravatura, pois os senhores sempre declaravam menos escravos do que realmente possuíam.

Villa da Vitória, 25 de junho de 1816.
FRANCISCO ALBERTO RUBIM.

Governador Rubim e a Colonização Açoriana no Espírito Santo (1815)
26:24
Governador Rubim e a Colonização Açoriana no Espírito Santo (1815)

... É curioso, portanto, que esse mesmo Francisco Alberto Rubim, tão vituperado por João Brígido, tenha anteriormente governado com acerto e discernimento a Capitania do Espírito Santo. Na obra "Vultos Capixabas e Episódios Históricos", da Professora Orminda Escobar Gomes, lê-se que "o sucessor do Governador Tovar, Capitão-de-Mar-e-Guerra Francisco Alberto Rubim (1º Governador independente do Governo da Bahia 1812-1820), cumprindo solicitamente as ordens superiores, tudo fez em benefício do nosso território, desenvolvendo o comércio, a navegação e a agricultura; desobstruindo e abrindo estradas, criando ou esforçando-se pela criação da colônia de Santo Agostinho (a primeira do país, em 1812); e de uma cadeira de primeiras letras, em 13 de agosto de 1813. A primeira de nossa terra! Por todo esse acervo de trabalho e, ainda, pela pacificação dos bugres (1815), foi mais de uma vez louvado em Carta Régia assinada pelo Príncipe Regente. Todos lhe reconheciam os méritos como administrador e era amplamente elogiado: enfim, foi um governador exemplar".

De fato, coube a Rubim, instigado e influenciado por seu tio, o Intendente Paulo Fernandes Viana, instalar no Espírito Santo uma colônia de 30 casais açorianos, 18 quilômetros da cidade de Vitória, às margens do Rio Santo Agostinho, segundo informa o historiador capixaba José Teixeira de Oliveira. A Carta Régia de 13 de março de 1797, que regulava a concessão de sesmarias ribeirinhas e o comércio de madeiras, teve de ser revogada pela de 17 de janeiro de 1814, para que os colonos pudessem gozar certas regalias, incluindo a isenção por dez anos do pagamento de dízimos pelas culturas de trigo e linho que fizessem. A eles foram dados ainda fretes, mesadas, casas, terrenos, ferramentas, carros, bois e cavalgaduras. E, conforme o relatório do próprio Desembargador do Paço e Intendente Geral da Polícia Paulo Fernandes Viana, "se erigiu com estes casais a linda povoação de Viana, com casas de telhas para cada um, igreja e capelão curado". Tudo isso pelos cuidados do Governador que ali estava, o Capitão de Mar e Guerra Francisco Alberto Rubim.
O historiador José Marcelino relata: "Aí se levantou um templo à Conceição da Santíssima Virgem, sendo lançada a primeira pedra em 15 de dezembro de 1815, e a provisão da Mesa da Consciência e Ordens de 4 de março de 1817 assim o confirmou e aprovou. Foi elevada a curato esta povoação com capelão efetivo por provisão de 1 de dezembro de 1817, e pela lei provincial nº 13, de 30 de dezembro de 1837, foi elevada a freguesia. O vigário tinha o usufruto de uma sesmaria de um quarto de légua, medida e demarcada no lugar em que se acha a capela, assim como o cirurgião-mor José Maria da Silva, e se havia levantado uma casa para residência dos governadores, de que só existem sinais. As telhas e tijolos empregados na igreja e nestas foram todos fabricados em Linhares. O Sr. Comendador Monjardim foi quem entregou em outubro de 1818, e por ordem do Governador, as cartas de sesmaria dos

Victoria, A Pittoresca (Affonso Lopes de Almeira - 1911)
28:39
Victoria, A Pittoresca (Affonso Lopes de Almeira - 1911)

Apertada entre a montanha e o mar, prolongando-se pela encosta granítica, subindo tenazmente os morros, pendurando-se dos barrancos, alcandorando-se, enfim, nas grimpas da serra, Vitória, a pitoresca, aparece. A sua casaria branca esplende em frente aos últimos raios louros do ocaso.

E, entre a verdura negra e as manchas pardacentas da rocha descoberta, a cidade parece um grande pássaro branco, que do céu azul tombasse ferido, asas abertas, penas impolutas, à beira da baía formosa. A torre aguda de uma igreja forma-lhe o bico pontudo, voltado para o céu numa ânsia do espaço azul, da liberdade infinita do ar alto, como já com saudades da vida que se lhe esvai. E, para maior semelhança, um bando negro de corvos abre as largas asas serenas, na limpidez da tarde, rodopiando no ar, em vagarosos círculos concêntricos.

Entre o continente e a ilha, o apertado canal move as águas velozes, em direção à barra, como um rio profundo, de leito cavado na rocha; e as manchas movediças dos barcos silenciosos parecem, à noite que cai, outros tantos corvos que voejam junto à água, aproveitando a sombra noturna, para o ataque à presa apetecida.

O céu polvilha-se de estrelas, e a brisa mansa, cheirando às ervas verdes, úmidas já do orvalho, amacia, suaviza a pele, e faz desfazer-se no ar um floco esgarçado de nuvem longínqua.

Súbito, Vitória ilumina-se; e os focos elétricos dos cais, numa reticência luminosa, prolongam os seus raios pela água do estreito, que fulgura, tremulamente.

Da lancha célere, ouve-se já o "tlin-tlin" monótono de um bonde, puxado por bestinhas pachorrentas; e a voz da cidade, a inconfundível voz da cidade, harmonia formada de sons desarmônicos, vem já até nós, como um suspiro abafado.

Aos zig-zags, pela áspera estrada, a pouco e pouco se alargam os horizontes, amplia-se o panorama, até chegar-se, enfim, ao cume rochoso, de onde a vista, embevecida, deliciosamente se perde pela amplidão ilimitada, acompanha a orla branca do litoral, estendendo-se pelo sereno crescente das praias, entrando pelas âncoras e enseadas, saltando, com as vagas espumosas, por sobre os cachopos e os escolhos prolongando-se, preguiçosamente, pela planície azul, até ao meio círculo violáceo, em que o céu se liga ao mar, numa linha esfumaçada e indistinta; seguindo, da banda oposta, o sinuoso curso dos rios, a sucessão ininterrupta de outeiros baixos, pequenas ondas de verdura, que a brisa fresca parece levantar da planície ou perdendo-se no irregular perfil dos montes da grande ilha de Vitória, ou seguindo em baixo, no sopé da coluna granítica, a linha das ruas de Vila Velha, estradas retas de areia branca, batidas em cheio pelo sol...

Ah! felizes olhos que te viram, ó pitoresca Vitória! felizes os meus olhos de artista, que comovidamente te gozaram a lindeza e a graça! E feliz tu, que consegues, toda poesia, toda pitoresca, deixar gravada, na retina dos que te viram, esta deliciosa, esta embevecedora impressão de beleza!

**Affonso Lopes de Almeida**

Luiz Fumanchu (Jogador de Futebol e Radialista Capixaba)
17:43
Luiz Fumanchu (Jogador de Futebol e Radialista Capixaba)

Jorge Luís da Silva, o “Luís Fumanchu”, nasceu no município de Castelo (ES), em 14 de novembro de 1952.

Um dos 11 filhos de dona Jacira e do sapateiro Corinto, Jorge Luís ganhou o apelido de “Pito”, por ser um bom vendedor de pirulitos na escola onde estudava.

Além de vender seus pirulitos, Jorge Luís ocupava o tempo engraxando sapatos e jogando futebol nos times da região.

Anos mais tarde, quando já estava devidamente instalado nos alojamentos de São Januário, Jorge Luís encontrou no técnico Célio de Souza muito mais do que um amigo.

Célio de Souza sempre acreditou no futebol do talentoso meio-campista, que nunca teve medo de encarar os perigos da cidade grande, como também não teve medo de enfrentar os desafios de jogar como ponteiro direito.

“Até dinheiro o seu Célio me deu quando o Vasco me dispensou por um tempo”; disse Jorge Luís em reportagem publicada pela revista Placar em 11 de março de 1977.

Campeão carioca da categoria juvenil em 1971, Jorge Luís ganhou respeito e também um apelido que mudou sua vida.

Inspirado no sucesso da série de televisão “Kung-Fu”, Jorge Luís ficou conhecido pelos companheiros como “Fumanchu”, embora inicialmente tenha resistido ao apelido!

Na reserva de Jorginho Carvoeiro, Fumanchu assinou seu primeiro contrato no findar de 1973, quando foi emprestado ao Sport Club do Recife (PE) para ganhar experiência.

Em seguida, o ponteiro direito foi cedido novamente por empréstimo ao Santa Cruz Futebol Clube (PE), que na ocasião tentava montar uma equipe competitiva para os compromissos do campeonato brasileiro de 1975.

No Arruda, Fumanchu foi um dos grandes destaques na ótima campanha do Santa Cruz. Os pernambucanos esbarraram apenas no confronto semifinal contra o Cruzeiro.

Limites do Espírito Santo e Minas Gerais (Negociações - 1894)
19:24
Limites do Espírito Santo e Minas Gerais (Negociações - 1894)

O Minas Gerais publicou o seguinte officio dirigido pelo presidente de Minas ao do Espírito Santo.

Exmo. sr. presidente do Estado do Espírito Santo. — Cabe-me a honra de responder a V. Ex. o officio n. 13, de 26 de maio proximo findo, em que vossignias communicava-me a vossa acquiescencia ao convite para a nomeação de uma commissão mixta destinada à aviventação das fronteiras dos nos seus respectivos Estados, e, ao mesmo tempo me propunheis o accordo que vos parece dever dirigir, como medida preliminar, aos actos definitivos da aviventação.

Reconheço em primeiro lugar, com satisfação, a opportunidade e o sentimento justo com que vossignias principiaes o vosso officio, salientando o reconhecimento do valor inconstestavel do auto de 8 de outubro de 1859, base necessaria e iniludivel para resolução das controversias que se queiram levantar sobre o assumpto.

Diante do exposto que citaste, me recordo de 1877 entre os governos mineiro e Espirito-Santense sobre este negocio, em concertado trabalho de ambas administrações, em que o conselheiro José Pedro com força da união das duas provincias, face ao tribunal supremo julgo que essa injustiça seria levada a outro tribunal ocasional, se de facto a jurisdição do Espírito Santo é José Pedro não fosse facto notorio: — é um incidente cívico: 1, que vigilantes como servem os primeiros mineiros na defesa do seu territorio, datando de 37 annos como testemunho de actos de ambas nisto sentido 2, que a soberania não espç saia pelo governo auxiliar essas, poderia, em virtude da soberania e independência, legislação ainda no período historico confirmada pela lei basica de 12 de fevereiro de 1841, resolvesse questão vital para Minas, como essa sendo em bom direito, é verdade: solução de, conformidade com as condições de um "util possidetis", firmando a violação consitente dessa mesmissima legislação.

E nem só Minas, o proprio governo geral, no velho regime, e o governo republico não assum sempre em terreno e consequentemente mantiveram como Estado Mineiro o territorio comprehendido entre o Mucuri, José Pedro e a Serra da Chibata, divisoria com Guandú.

Além dos factos de dever impugnar a ipse de todas, voces e circunstancia que me livra da jurisdictio e, a mina tolerancia de justificar não são leis legitimadas de possessões de direitos os governos nacionais que legitimados perante os principios, leis, antigas e nova com unanimidade a utilidade consitente uma solução que vassignias, reclamada por V. Ex. dessa exactidão com a vossa adherencia a uma consulta popular que ha de passar a linha divisoria dos nossos Estados, não é licito, em cumprimento dos altos deveres concludentes à minha gestão e solicitude, modificar os termos da minha proposta, constando de meu officio de 5 de abril do corrente anno, e bem certo de que lhe, diante das novas ponderações do vosso officio, como sempre, vou ter, com o nobre povo, que o dignaes representar, a firmeza e reconhecer a justiça da causa de meu Estado e corrigir o governo.

A Independência e Abolição da Escravidão (Manchete -1972)
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A Independência e Abolição da Escravidão (Manchete -1972)

Os capixabas receberam com entusiasmo a Independência e a Abolição da Escravatura.
Revista Manchete - 1972.

1822

Os acontecimentos que apressaram a separação do Brasil repercutiram no Espírito Santo sem maiores consequências. A Junta Governativa não escondia seu favorecimento à Independência, cumprindo as ordens enviadas do Rio, incluindo as que mandavam desobedecer às instruções expedidas de Lisboa e cessar as relações mercantis com a Bahia, em poder das forças lusitanas do General Madeira. Quando ocorreu o 7 de Setembro, não se registrou, como em outras partes do Império, mudança violenta de membros do governo. Adepta da nova ordem política que se firmava, a Junta promoveu a manifestação pública de regozijo pelo acontecimento.

Em 1º de outubro realizou-se uma sessão especial da Junta para o reconhecimento da Independência e aceitação dos laços verde-e-amarelo. A proclamação, em ato solene, ficou marcada para 12 de outubro, com Dom Pedro na condição de Imperador. Nesse dia, em meio a grandes demonstrações de entusiasmo público, foi lido o juramento de fidelidade da província a Sua Majestade e ao Império.

Todas as câmaras do interior tomaram a mesma atitude, com exceção da câmara de São Mateus, que mantinha seus laços com os portugueses reacionários da Bahia. Uma pequena força militar foi enviada a São Mateus, com a ajuda do destacamento de Caravelas, para fazer a vila integrar-se no sistema político que começava. Não encontrou dificuldades. A notícia da defecção da vila não era exata.

Em 22 de janeiro, São Mateus celebrava sua incorporação ao resto do país. Passava a servir de cabeça-de-ponte para as operações que se projetavam visando apressar a expulsão das forças de Madeira de Melo, situadas na Bahia, mas recusando-se a mandar representantes ao governo revolucionário de Cachoeira, por considerar-se parte integrante do Espírito Santo, e não da Bahia. A essa altura já circulavam os boatos de que a agitação republicana havia chegado à província.

A Junta mandou realizar as devassas costumeiras em Benevente e Espírito Santo, mas nada foi apurado. A situação econômica da província, como consequência imediata de toda a alteração política que sacudia o país, começava a criar preocupações. Em fevereiro de 1823, a Junta traçou um quadro econômico apavorante. A seca que há três anos se registrava, junto com a inquietação reinante e a mobilização de braços para os serviços militares, provocara a quase extinção da agricultura. A falta de água, pela perda de

substância dos rios, era sensível. As rendas públicas tinham caído assustadoramente, o que acarretava dificuldades até para as despesas rotineiras. Um relatório da época mostra bem qual era a situação: "Não poucas vezes se tem levado aos pés do trono que as rendas desta província não avançam a mais de quinze contos de réis, e a despesa ordinária exige mais de 60 contos. d

Município de Linhares (Província do Espírito Santo -1886)
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Município de Linhares (Província do Espírito Santo -1886)

Posição - Na latitude de 19°21'30" e na long. de 30°9'57" do Observatório do Rio de Janeiro está localizada, à margem Norte do Rio Doce, distante 8 léguas da foz do referido rio, a vila de Linhares, título este de seu primeiro fundador (*), a qual foi elevada à categoria de vila em 2 de Abril de 1839, da qual foi despojada em 1841 pela lei que felizmente não foi sancionada pelo Presidente da província.

A vila está situada sobre um planalto que se estende até o mar em rumo LS., cortado por diversas lagoas que se intitulam "Aviz", onde há uma pequena povoação que comercia com esta vila em razão de sua proximidade, pois apenas dista 1/4 de légua. Além disso, há outras lagoas, como as do Meio, do Braz, do Testa, do Ururáu, do Campo, das Piábas, do Delphino e mais quatro que não mencionamos por desconhecer seus nomes.

Estas lagoas comunicam-se entre si e deságuam no rio "Ypiranga" na costa do mar em rumo Leste, sendo quase todas parcialmente habitadas, possuindo em suas matas toda espécie de caça e em suas águas toda qualidade de peixes.

As ruas desta vila, em número de 5, e diversas travessas compõem-se de 53 casas, sendo cobertas de telhas 23, incluindo um sobrado e 3 assobradadas, e mais 30 de palha, incluindo neste número a casa da Câmara, Quartel e Cadeia há tantos anos!!!

Existe pouco distante da vila o cemitério, recentemente construído pela Câmara Municipal.

Salubridade - O município é geralmente saudável, ocorrendo apenas durante os períodos de enchentes alguns casos de febres intermitentes, quando o rio alaga suas margens, os quais cedem à primeira aplicação de quinino.

Juparaná Grande - Esta lagoa é um perfeito mar de água doce, contendo em sua margem Sul uma pequena lagoa que se comunica com esta e é chamada "Paus", de pouca extensão. A lagoa Juparaná tem aproximadamente 4 a 5 léguas de comprimento em toda sua extensão e uma de largura na barra, e dali um quarto pouco mais ou menos até o fim, tendo capacidade para navios de grande calado. Suas matas, colinas altaneiras e de uma vegetação luxuriante, prestam-se a toda sorte de culturas, incluindo o café, e em suas margens toda sorte de caça e em suas águas diversas espécies de peixes, que servem de nutrição a quase todos os que nela habitam.

Sesmarias - De 1814 a 1831 foram concedidas no Rio Doce, 80 e tantas, conforme o Dicionário do Dr. Cezar Marques, tendo poucas cultivadas.

População - A do último recenseamento, com pequenas alterações, é de 1.863 almas.

Município do Guarapari (Comarca da Iriritiba - 1886)
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Município do Guarapari (Comarca da Iriritiba - 1886)

PROVÍNCIA DO ESPÍRITO SANTO
COMARCA DE IRIRITIBA
MUNICÍPIO DE GUARAPARI


Aspecto Geral - Ao norte da vila, a duas léguas de distância, e a oeste, a quatro, encontra-se o município montanhoso, oferecendo encantadoras paisagens devido à sua posição. Ao sul, estende-se a praia "Graçahy" até a povoação de Meaípe, onde encontra-se o pequeno morro "Barreirinha", marco divisor dos terrenos, doado à Câmara Municipal como patrimônio. Logo após, encontra-se a lagoa "Graçahy".


Na direção leste, existem dois morros: o Morro do Atalaia e o Morro da Igreja, que protegem a vila dos ventos que sopram do nordeste ao sueste.


História - A Vila de Guarapari foi fundada em 1585. O Donatário Francisco Gil de Araújo conferiu, por Provisão de 1 de Janeiro de 1679, o título de Vila, sendo registrado na Câmara Municipal em 1 de Março do mesmo ano. Em 1677, o Governador ergueu uma Igreja no alto do morro a leste da vila, dedicada à Virgem da Conceição. Em 11 de Janeiro de 1655, foi elevada à categoria de Paróquia, sendo seu primeiro pároco o Padre Antônio Esteves Ribeiro. Por Provisão de 4 de Fevereiro de 1751, foi concedido ao Arcediago Antônio de Sequeira Quintal para edificar uma capela com o título "SANTÍSSIMO CORAÇÃO DE JESUS", realizando-se a obra. Por ordem da Exma Presidência da Província em 1878, foi abandonada a Igreja levantada em 1677 por estar prestes a desabar, reconstruindo-se a do Santíssimo Coração de Jesus, concluída em 1880. Pela Provisão do Donatário Francisco Gil de Araújo de 1 de Janeiro de 1679, foi dado como patrimônio à Câmara Municipal seis léguas de terreno que começavam da Ponta da Fruta no lugar Ribeiro Doce para o sul. Em 1845, foi construída sobre o Rio Perocão uma ponte de madeira com pregões de pedra e cal. A lei provincial no 35 de 1868 autorizou


a construção da fonte do lugar Atalaia, concluída em 1870. A lei provincial no 55 de 4 de dezembro de 1872 mandou construir quatro pontilhões sobre os rios Jabuty e Surunga.


Pertencem a esta vila sete povoações: Meaípe, Aldeia Velha, Jabuty, Muquicaba, Perocão, Una e Campo Grande.

Vila de Cachoeiro de Itapemirim (Comarca do Itapemirim - 1886)
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Vila de Cachoeiro de Itapemirim (Comarca do Itapemirim - 1886)

História - A sede do município é a vila de Cachoeiro do Itapemirim, que tem data recente, pois a primeira casa construída foi no ano de 1846. Foi principalmente iniciada por pessoas ligadas ao comércio e à agricultura, vindas das províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais. O primeiro comerciante a estabelecer-se aqui foi o Dr. Cypriano da França Horta, e o primeiro fazendeiro foi o Capitão Pedro Dias do Prado, que muito contribuiu para a imigração de diversos amigos e parentes seus.

A freguesia foi criada pela Lei Provincial nº 11 de 26 de julho de 1856, com a denominação de "S. Pedro do Cachoeiro", pertencendo ao município de Itapemirim; elevada à categoria de vila, com a mesma denominação, pela Lei Provincial nº 11 de 23 de novembro de 1864, pertencendo à comarca de Itapemirim, tendo sido instalada em 26 de março de 1867, e o município elevado à comarca com a mesma denominação e separado de Itapemirim, com um só termo. Pela Lei Provincial nº 13 de 28 de novembro de 1878, a comarca foi suprimida e novamente reunida ao termo de Itapemirim, como até hoje se encontra, contra a vontade da maioria de seus habitantes e contra o direito das coisas, visto que este município, pela sua importância agrícola e comercial, tinha o direito, ao menos, de ser a cabeça da comarca, pois é mais rico e mais populoso do que toda a comarca de Itapemirim, antes desta anexação.

Topografia e descrição da Vila - A vila de São Pedro do Cachoeiro, que é a sede do município, está situada em ambas as margens do rio Itapemirim, dispondo de pouco terreno plano para arruamento, por estar cercada de morros mais ou menos altos. As ruas principais são as duas ruas que margeiam o rio, nas quais há boas casas de comércio e indústria; as outras são menos importantes e menos povoadas. Possui duas capelas feitas às expensas de particulares, sendo uma em cada lado da vila. Na capela do lado Norte, celebram-se cerimônias religiosas oficiais, já que a Igreja Matriz, também construída pelo cidadão Antonio Francisco Moreira, que a doou à província, já desabou em ruína.


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